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A escola…

 

Outrora a escola era risonha e franca, como cantava o poeta. Hoje é lugar de frequência obrigatória onde nem se conhece a antiga Cartilha de João de Deus, nem os mais adiantados sabem quais são os rios, as serras e os cabos da costa portuguesa. 

O ensino está completamente modificado e já nem todos sabem muitas das coisas que faziam parte dos antigos programas do Ensino Primário. Pois nem se ensinava onde ficavam as ilhas atlânticas…

Diz-se que a D. Maria Mestra – assim era conhecida a professora D. Maria Adelaide da Silva - que lecionou nas Lajes, no princípio do Século XX, tinha um programa vasto de ensino prático e útil às moças que frequentavam a sua escola. E a ela vinham alunas da Silveira, Almagreira e Ribeira do Meio, voluntariamente.

Todas aprendiam a ler e escrever e a fazer as contas de somar, diminuir, multiplicar e dividir e até a resolver problemas de Matemática durante os tempos letivos. De tarde, a Mestra ensinava costura e a fazer rendas e bordados. E muitas aproveitavam. A algumas, de famílias mais abastadas, ensinava piano, ela que era uma grande pianista e a organista da Matriz. O mesmo é dizer: uma senhora com uma cultura pouco vulgar para a época, que a não reservava para si, mas a transmitia com prazer às alunas que o desejassem, pois o ensino não era obrigatório.

Desde meados do século XIX existiu sempre a escola do sexo masculino mas os professores pouco ligavam à profissão. Alguns deles nem iam à escola todos os dias. Tal circunstância obrigou a que, nos finais do século, o Pe. Ouvidor Xavier, ele que já fora professor em S. Jorge, abrisse uma escola na sua casa junto à Maré, e que passou a ser conhecida, pelos anos fora, como a “casa da escola”, e onde mais tarde Mestre António Fonseca teve a sua oficina de construção de botes e outras embarcações e cujo espaço foi ocupado pela actual Escola Secundária.

O P. Xavier ministrava o ensino principalmente a alunos que se destinavam ao ensino secundário: seminário e/ou liceu.         

Hoje tudo é diferente, como disse, e repito o poeta.

Há professores. Há edifícios escolares magníficos, há programas abrangentes das ciências e da cultura, e não discuto se bons se maus. Há professores com cursos superiores, embora alguns deles estejam atirados para o desemprego por reformas económicas incompreensíveis. Mas, na verdade, o ensino melhorou?

Deixo a resposta para os mestres da Pedagogia.

Recordo os meus professores primários com simpatia, como alguns, nem todos infelizmente, do Secundário. A alguns destes devo o gosto pela leitura e pela escrita. Se me não tivessem estimulado e obrigado ao estudo seria quase um analfabeto…

Tive um professor de Português que nos exigia a interpretação dos Lusíadas e a decorar alguns dos seus Cantos: D. Inês de Castro, Os doze de Inglaterra e outros mais, além da própria Proposição.

A tantos anos de distância, vale a pena recordar essa juventude distante e trazer à memória tempos que já não voltam, mas que tão diferentes eram. Bons? Maus? Nem vale a pena arranjar resposta.

- Meninos vamos p´rá esquiola! Era assim que, em terra distante, os outros alunos chamavam os colegas. Vamos todos, que ainda temos muito que aprender!...

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